LUA CHEIA e tal

LUA CHEIA

e TAL 

MILAGRES a torto e a direito

Dois provérbios da sabedoria Có-Có:

1) - Do Malaca nem bom castelão nem bom pasteleiro

2) - Mais vale um bom erro ortográfico do que um mau acordo

Eu pecador me confesso

Eu pecador me confesso

Agora

E na hora da minha morte

Por todos os santos pecados

Que tenho andado a cometer

Nos últimos tempos da minha vida

Prometo santamente

Portar-me com muito juízo

Doravante

Vou rezar tanto tanto

Que até os pássaros da Santa Tecla

De tão espantados que vão ficar

Ao nosso mosteiro hão-de voltar

E com todas as notas chilrear

Mesmo as celestiais

Bato com as minhas mãos

No meu peito

Três vezes ou mais

Tantas quantas as necessárias

Para que me seja concedido

Mais um perdão

Por tanto mal que tenho

Feito à Santa Irmandade Có-Có

Só peço que me não queimem vivo

Só depois de morto

Amém

a-porfírio

(in nomine Sto.AntºdosLourais)

Nunca é demais relembrar as sábias palavras do nosso Santo Abade: "Connosco não se brinca nem a brincar…"

Mensagem do Santo Abade (na Catapumbas)

           Santos Irmãos,

           Recordo que o Santo Desígnio, que presidiu ao Santo Nascimento da nossa Santa Ordem, foi uma teofania, em que uma Luz nos disse:

                Ide pelo mundo livrá-lo do cocó e de todos quantos nele chafurdam. Escrevei um Santo Livro que servirá doravante de base e orientação espiritual e de vida para todos aqueles que forem tocados pelo Santo Có-Có.
        

Pensamento do dia


 Quando Deus criou o Mundo não foi a partir do nada, pois Deus tinha de estar em algum lado e de um lado para o outro. Deus criou o Mundo a partir de uma trotinete.

                (In O Grande Livro da Sabedoria Có-Có: a vida depois da morte e mesmo antes dela)

Comunicado da Santa Abadia (Santo Departamento das Santas Catapumbas) à humanidade e demais interessados,

          Amanhã, terceira quarta-feira do mês de Novembro, realiza-se, de acordo com as Santas Regras do Santo (O) Grande Livro da Sabedoria Có-Có: a vida depois da morte e mesmo antes dela, a Santa Missa Có-Có, em Valado dos Frades, restaurante Vinha d'Alhos. Além da Santa Missa com que todos os presentes serão agraciados, será tratado o assunto do Santo Livro e de uma forte tomada de posição face ao tal Eça e ao seu trotineteiro (de trotinete) dicionário dos milagres.

               Que o Có-Có esteja convosco (Ele está no meio de nós)

Tomada de posição dos Santos Monges Có-Có (Santo Departamento das Catapumbas), face ao famigerado dicionário dos milagretos de um tal de Eça Queiroz

         Chegou ao nosso conhecimento que um tal Eça se atreveu a escrever um dicionário de milagres, sem mencionar, ao menos, um dos três mundialmente conhecidos Santos Milagres Có-Có. O facto de esse escritorzeco ter escrito, a mencionada obra, algumas dezenas de anos antes de ocorrerem os Santos Milagres Có-Có, não pode ser usado como desculpa. Sentimo-nos verdadeiramente contrariados e irrespeitados. Que se cuide esse Eça.

                   Connosco não se brinca nem a brincar!

O Grande Livro da Sabedoria Có-Có

Oremos.
Foi a crença do Homem na alma que conduziu à crença em Deus. Algo já tinha de existir antes de Deus vir ao mundo.
Logo o mundo não pode ter sido criado a partir do Nada, por Deus. 

Dicionário de Milagres

Prezadíssimos irmãos

Estive no centro dum mundo: Viseu.

Na feira das velharias encontrei este raro dicionário, que trata dos autores dos Milagres. Mentiras atrás de mentiras.

Nem uma referência à nossa Irmandade, um de nós que fosse.

Desalmado, aquele Eça.

Parece que é a primeira edição depois da inicial, por alturas da morte do Eça em 1900.

Um tal Luiz Pacheco acaba assim a defesa das razões desta publicação:

"A ler, com pureza de alma. Aquela mesma com que Eça, ao findar da vida, o escreveu." 

Como se nós pudéssemos acreditar na bondade daquele senhor Eça!

Mensagem da Santa Biblioteca das Catapumbas dirigida aos Santos Monges, com conhecimento para a Humanidade em geral,

            Vem esta Santa Biblioteca lembrar os Santos Monges que a versão definitiva de O Grande Livro da Sabedoria Có-Có: a vida depois da morte e mesmo antes dela, está em andamento, mas alguns dos Monges têm em atraso o seu contributo. Por este motivo, vimos sugerir que este seja o tema da próxima Missa e Santa Reunião agendada para dia 21 no Santo Restaurante Vinha D'Alhos.

                               Assinatura ilegível por estar besuntada de pudim abade de priscos

Pensamento do dia


O mundo foi criado a partir do nada. Este era tão grande, longo e manhoso, que quando Deus deu por isso, já estava por toda a parte.

               (In O Grande Livro da Sabedoria Có-Có: a vida depois da morte e mesmo antes dela)

Comunicado da Santa Abadia (Santo Departamento das Santas Catapumbas) à humanidade, aos seranistas, e demais interessados,

           (Carta entregue por mão à senhora que costuma ter as chaves do sítio onde se reúnem estes elementos da população e que foi lida)

Santa Abadia dos Santos Monges Có-Có

                                                                                                 Santo Mosteiro de São Algures

                                                                                                              no ano cocó 2018

A dramatologia Có-Có

 

Chegou ao conhecimento da Santa Ordem Có-Có, emanação espiritual do Movimento Literário Có-Có, por uma lufada de ar fresco no ambiente literário pestilento em que vivemos, também conhecido secretamente por AQVS (Aquilo que Vocês Sabem), vivendo, em Santa Clausura, no Santo Mosteiro Có-Có situado em São Algures, e santamente dirigido pelos 4 em 5 Santos Monges Có-Có, e onde vivem em harmonia 33 galinhas felizes e 8 vacas contentes, que num pretérito Serão das Cortes se teria tentado fazer a história do teatro ignorando esta Santa Ordem.

Assim, em Santa Missa realizada no Santo Departamento das Santas Catapumbas, em hora e local ignorados pelos mencionados 4 em 5 Santos Monges Có-Có (por motivos de segurança), mas em que todos estiveram, apesar disso, presentes, coincidência esta designada como o Segundo Santo Milagre Có-Có, foi decidido enviar uma mensagem ao Serão, hoje a realizar, com fim de repor a verdade, qualquer que ela seja e na presunção de que seja.

Connosco não se brinca nem a brincar…

 

O Teatro e a Santa Dramatologia Có-Có são completamente originais e têm sido ostensivamente ignorados pelo establishment. Vamos dar um exemplo recorrendo a uma peça muito conhecida e erradamente atribuída a Shakespeare, mas na verdade da autoria de um Santo desta Ordem, que pretende continuar anónimo. Trata-se da peça “Quo Vadis, Brutus”. A cena passa-se alguns momentos após Brutus ter assassinado César por asfixia (na sequência do primeiro lhe ter contado uma anedota, tão anedótica, que o segundo não conseguiu respirar de tanto rir e assim morreu asfixiado), e imediatamente antes deste ser enterrado. Chamo a atenção para a genialidade e originalidade do estilo de representação Có-Có. Eis o excerto de um diálogo:

- Pai, por onde tens andado, que não te tenho vislumbrado?

- Brutus, Brutus, deste lado está tudo embaciado…

- Não admira César, é que estás a ir desta para melhor…

- Parece que estou a ouvir uns sininhos…

- Sim, sim, são os sinos que dobram por ti.

 

Já visivelmente enterrado e morto, ainda se ouviu uma vozinha distante e funda balbuciando: “Nã se vê nada…”

Na famosa peça “Jesus Cristo e os salteadores dos evangelhos”, também ela da autoria de um nosso Santo Irmão Monge, que prefere seguir no seu Santo e Recluso Anonimato, se encontra o seguinte e interessante diálogo entre o primeiro e o segundo. Ouçamos um excerto:

- Lavo as minhas mãos sobre o vosso destino, ó rei dos labregos!

- Que seja. Mas que se transforme em sangue a água onde lavardes as vossas mãos, ó rei dos pirolitos.

- Por favor!... Não pode ser antes em vinho da casta syrah?

 

É nesta mesma peça, que Jesus encontra o salteador Masquelata Pasteleiro, no momento em que este vende a sua alma ao diabo por meia dúzia de pastéis de Tentúgal. Nesta parte trágica da obra, Jesus censura o dito Pasteleiro e promete-lhe castigo eterno, ao que o referido trauliteiro responde “mais vale um pastel na boca que dois a voar”, com esta frase insinuando que a referida doçaria tem asas. Ainda mais adiante, é Jesus que encontra o diabo lavado em lágrimas. Tinha sido enganado no negócio com o Masquelata Pasteleiro, cuja alma, afinal, apenas tinha dentro doce de ovos colesterado, coisa que não lhe serve para nada, na disputa que tem com Deus, desde que este o criou para pôr fim à monotonia em que vivia.

Não temos mais tempo para continuar, pois acaba de soar o Santo Sino do nosso Santo Mosteiro, chamando para a Santa Meditação do dia. Terminamos com um pensamento do nosso Santo Livro, O Grande Livro da Sabedoria Có-Có: a vida depois da morte e mesmo antes dela:

Para baixo é sempre a descer, mas recorda que quando  já estiveres em baixo, a seguir é sempre a direito até à próxima queda.

Em nome da Santa Abadia Có-Có,

 

 

Que o Có-Có esteja convosco.

Comunicado da Santa Abadia (Santo Departamento das Catapumbas) à humanidade, aos seranistas, e demais interessados,

         É já amanhã, pelas 21,30 que se inicia o serão literário das cortes. Fomos informados da possível presença, nesse evento, de um tarado que dá pelo nome de Cardeal de La Lambreta. Informamos que este pantomineiro farrapão, nada tem a ver com os Santos Monges Có-Có, sendo para nós um mistério o seu aparecimento. Há quem defenda tratar-se de um "alter ego inverso" que emanou da nossa Santidade e que, agora, de vez em quando se solta e toma vida, mas uma vida absolutamente repugnante.
                           Que o Santo Có-Có esteja convosco e vos livre dessa nefasta criatura!

Quadras simplórias à moda da Nazaré, na Santa Tradição Literária Burlesca Có-Có

Ó Toino na vás ao mar com essa pieira,
e mesmo o mar tá lixado que sa farta,
nem barcos nem gaivotas nem nada
e o mar enrola e desmaia na areia.

Desmaia na areia e ninguém
sabe o que ele diz apesar de tudo,
ficou deveras triste também
além disso e muito contudo.

Ai ó linda, ai ó linda, lol,
faz-nos cá falta céu limpo,
um poucachinho de sol
e venham daí mais cinco.

Yé, yé,
ai o Deus y o é

PEDROGÃO EM SETEMBRO

Finalmente

 - disse a gaivota às outras do seu bando –

agora que se foram as aves de arribação

volta a ser nosso o que nosso é.

O mar

o céu

e principalmente a areia

agora desocupada

onde descansemos dos voos e das marés.

As aves de arribação passam

e apenas porque só passam

agitam demasiado a asas

e abrem muito os bicos.

Não são de cá e por não o serem

não sabem como é o ser de cá.

É bom estar no nosso sítio

Areia

Mar e céu.

A casa.

Luís Vieira da Mota